A humanidade - aos trancos e barrancos, eu diria - avança, evolui, descobre, conclui e aprende. O que já foi dogma inatacável no passado (sol girando em torno da terra, por exemplo) hoje é uma idéia risível. Não se sacrificam mais virgens em altar, não endeusamos mais pedras ou animais nem achamos que marcianinhos verdes vão nos atacar.
Na era das viagens interplanetárias, dos avanços da medicina, das comunicações, fica cada vez mais difícil e anacrônico declarar-se crente literal na bíblia, com suas lendas e tradições orais editadas, revistas e adaptadas. É cada vez mais difícil encontrar alguém esclarecido que ainda creia que Caim matou Abel, que Noé com sua família salvaram a fauna terrestre ou que Moisés tenha mesmo aberto o mar vermelho para passar.
Por isso cada vez mais ouvimos que parte da bíblia não deve ser literalmente interpretada, que são “modos de dizer” , “analogias” ou "parábolas".
Com isso pessoas modernas, esclarecidas e plugadas nos avanços da ciência livram-se do vexame que seria admitir que acreditam nessas coisas.
Eu creio em Cristo, dizem. E basta.
Mas, com o perdão da crueldade, não dá para ser assim. Se você é católico, evangélico, enfim, cristão, tem obrigatoriamente que acreditar em tudo isso. Sem escapatória.
Por exemplo: você acredita em homem feito de barro, mulher feita de costela, paraíso, Adão, Eva, maçã do pecado?
Não?
Então não tem como acreditar em um Jesus divino.
Ao invés de acreditar sem pensar vamos pensar antes de acreditar: pela tradição cristã deus encarnou seu próprio filho na terra para “salvar a humanidade”.
Pergunto: salvar do que mesmo?
Se você fizer essa pergunta a 10 católicos eu aposto que 7 ou 8 não saberão responder.
Pois bem, ele veio nos salvar do “pecado original”, que foi cometido por Adão e Eva, no paraíso, ao comerem a maçã proibida.
Adão, primeiro e até então único ser humano, come a maçã proibida e toda a humanidade dali para a frente nascerá pecadora, maculada e destinada ao eterno fogo do inferno, a não ser que seja salva.
Faz algum sentido isso?
Mas, ok, vamos em frente: para nos salvar deus cria um plano genial: encarnar seu filho Jesus na Terra, crescer, pregar suas idéias, formar um grupo de seguidores, enfrentar os fariseus, romanos e sei lá mais quem se colocasse a sua frente.
Até ser traído, preso, espancado e crucificado.
E pronto, estamos todos salvos.
Sabe-se lá porque.
Porque Jesus para nos salvar teria que morrer? Não faria mais sentido que ele como filho de deus fosse forte e poderoso, liderasse uma grande revolução cultural e derrotasse os infiés?
Bem, mas chega-se a uma conclusão simples e objetiva: se você acredita que Jesus seja filho de deus e que tenha ressuscitado, você tem consequentemente que acreditar também em paraíso, Adão, Eva, maçã.
Porque sem isso não há pecado original e Jesus não teria o que fazer aqui na terra. ...
Como queríamos demosntrar: não dá para crer em Jesus sem crer em Adão e Eva e a tal maçã do pecado.
E já que você tem que acreditar em tudo isso aproveite o embalo e acredite também em Noé, pragas do Egito, mar que abre, morto que renasce, virgem que engravida, reizinhos que viajam de camelo seguindo estrelinhas para levar presentes, etc.
Lineu prefere acreditar no Big Bang, na Teoria da Evolução, nos atomos de carbono, oxigênio e hidrogênio, em nanotecnologia e em tantas outras coisas fáceis de testar e comprovar.