terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Ateísmo pode ser a forma mais cristã de se viver a vida.

(post repetido, mas gosto muito dele, vale a pena)
Os ateus sofrem grande rejeição no Brasil. Pesquisas dizem ser a mais alta das rejeições. Por exemplo, jamais um político que se declare ateu seria eleito presidente, mais de 90% das pessoas rejeitam categoricamente a idéia de um presidente assumidamente ateu. Fernando Henrique Cardoso não vale, ele disfarçou e nunca saiu do armário sagrado.
Soa insano mas as pessoas no Brasil votariam mais confortavelmente em um candidato desonesto do que em um ateu.
E porque será?
Na minha opinião por um raciocínio tão simplista quanto quase inconsciente: eu sigo as leis de deus, não mato, não roubo. Se alguém não crê em deus, porque faria o mesmo? Porque obedeceria às leis de um deus em que não crê?
Logo, um ateu rouba, mata, estupra e não está nem aí pois para ele não há deus.
Em alguns casos a descrença em um deus criador e ouvidor de preces é confundida com uma aproximação com... o demônio. É irracional, pois ateísmo inclui descrença em deuses e também em anjos, demônios, alma, espíritos. Mas as pessoas não pensam nisso e acham que alguém que não crê em deus só pode ter coisa com o demônio.
Podemos pensar em outra forma de encarar o assunto.
Será que aqueles que são bons porque deus mandou ou para com isso garantir sua vida eterna são realmente bons?
Esse comportamento poderia ser interpretado como, digamos, meio mercenário: eu te obedeço agora e você me recompensa depois.
Pensemos em alguém que viva uma vida normal, dentro da lei, alguém que poderia ser descrito como uma boa pessoa. Mas ateu.
Ele não rouba, nem mata nem estupra ninguém. Mas não porque um deus tenha pedido para não fazer essas coisas. Não porque será recompensado depois. Não porque tenha sido ameaçado com punições terríveis.
Mas sim porque essa é a única maneira de se viver civilizadamente em sociedade, porque foi a um sistema assim que a evolução humana nos trouxe.
Não matamos para não sermos mortos, não roubamos para não sermos roubados, assim como não passamos no sinal vermelho para podermos passar no verde com tranqüilidade.
São convenções humanas e bem terrestres assim que nos dão condição de conviver com milhões de outras pessoas em um espaço urbano compartilhado e mesmo assim tudo funcionar.
Claro, há crimes, há erros, maldades de todos os tipos. Mas há leis, não há desordem, as pessoas saem de manhã, vão trabalhar, pagam suas contas, compram casas, a vida anda e tudo funciona.
E não há nada de religioso nisso, na Noruega, onde a maioria da população é ateísta, funciona igual. Na verdade, melhor...
Podemos ser caridosos e ajudar pessoas necessitadas pelo simples fato de nos sentirmos bem, acharmos justo ou necessário. E não porque alguma divindade tenha nos pedido ou imposto isso. Assim, trata-se de comportamento puro, natural, no sentido de que somos assim porque nos sentimos bem assim e porque essa é afinal a única forma de vivermos bem todos juntos.
Um ateu não espera recompensa alguma, não faz as coisas para ganhar algo em troca a não ser uma vida livre e feliz.
Agora, não depois da morte.
O cristianismo se baseia nos ensinamentos de Jesus e não é sequer necessário discutir se ele existiu de verdade ou se era mesmo divino, podemos apenas analisar alguns dos ensinamentos cristãos: Caridade, perdoar, amar, respeitar.
Onde esses sentimentos existem com maior força e pureza: nas pessoas que os sentem e os exercem naturalmente ou naquelas que o fazem esperando em troca uma recompensa?
Há bons e maus ateus e cristãos, claro.
Mas quando alguém é bom porque é... ao invés de porque o ameaçam...é ainda melhor.
E com uma vantagem adicional: ateus não atacam não ateus nem religiosos, ateu não vira homem bomba, não declara guerras santas, não mata em nome de um deus que supostamente só pede amor.
O mundo seria muito melhor sem as religiões. E os princípios cristãos poderiam ser exercidos em sua forma mais pura, sem hipocrisias, sem dogmas tolos e regras absurdas, sem fisiologias ultrapassadas nem qualquer tipo de exploração econômica da fé.
Ser ateu pode ser a forma mais cristã de se viver a vida, basta que você siga os principais ensinamentos dele e não os de “sua” igreja.
E viva feliz.