domingo, 2 de outubro de 2011

Corpos de bons cristãos não se decompõem. Será mesmo?



Um leitor e crítico do blog - e criacionista clássico - há tempos me pede que comente o caso dos corpos incorruptos, aqueles que se mantém intactos muitos anos após a morte.
Segundo Fernando – e a igreja – casos como os de Santa Catarina de Laboure, Papa João XXIII, Santa Bernardete e São Vicente de Paula só poderiam ocorrer sob interferência divina. Em outras palavras, milagre.
Como sempre, basta uma pequena dose de bom senso e espírito científico para detonar a ingenuidade dos crentes.

Em primeiro lugar é preciso lembrar que há sim casos de corpos que não se deterioram com o passar dos tempos e isso acontece por diversas razões.
Clima, temperatura, composição do terreno onde o corpo foi sepultado, acidez-alcalinidade do corpo e do ambiente que o cerca, além de outras condições.
É incomum mas não raro, trabalhadores de cemitério relatam casos assim com freqüência.
A igreja, sempre muito organizada, cada vez que um caso é divulgado corre a inclui-lo na lista dos milagres.

Curioso notar que ninguém se lembra dos milhares, talvez milhões de bons cristãos que morrem pelo planeta todos os anos sem que seus corpos sejam preservados.
O do bondoso São Francisco, por exemplo, não foi.

É fácil observar que o fenomeno não é exclusivo do mundo católico-cristão, acontece de forma generalizada, há ocorrências entre hindus, chineses e tibetanos, não faz diferença.
O caso do iogue Paramahansa Yaogananda, por exemplo, é muito conhecido.

Quem pesquisar um pouco sobre adipocera entenderá melhor outra das causas possíveis.

Mas vejam o que disse Joseph Watts, coordenador de funerais e exumações do Vaticano, em uma matéria do NY Daily News:

“Embora os corpos dos Papas não sejam inteiramente embalsamados, são “preservados” com formol a fim de prolongar o período possível de exposição pública”

Sobre o papa João XXIII - insistentemente citado pelo Fernando – ele diz, na mesma entrevista:

“Ele foi embalsamado como de costume. Isso é feito por médicos e o lugar em que o corpo foi colocado, as Catacumbas, é perfeito.

Sobre o mesmo caso, vejam a declaração de um pesquisador da Universidade de Roma, Vicenzzo Pascalli:

“Isso é muito mais comum do que geralmente se pensa. O corpo do Santo Padre estava bem protegido e o oxigênio era escasso no interior do caixão que, em sua estrutura de três camadas, contém materiais como chumbo e zinco que capturam o oxigênio, o que ajuda a retardar o processo de decomposição.”

Que belo milagre.

E, sinto dizer, parece ser também o caso de “santa” Bernardete, vejam só o que dizem o wikipedia e o skepdic.com sobre ela:

“Her body, which is on display, is alleged to be incorruptible, but the face and hands, which look so lifelike, are made of wax.”
O rosto e as mãos SÃO FEITOS DE CERA !!

Que belo milagre.

Sobre um outro caso, o de Santa Margarete:

“The pathologists who examined Margaret's body later unearthed ecclesiastical records that told the whole story: the people of her town had asked the church to embalm her when she died. This had been done, with remarkable thoroughness. But the records of this fact had been lost, and over time, people forgot the circumstances of her preservation and simply began to assume that it was a miracle. “

Ou seja, foi embalsamada a pedido dos moradores de sua cidade, “detalhe” posteriormente deixado de lado pela igreja. Os anos se passaram e pronto, mais um milagre cristão "comprovado".

Embalsamada !!

Como se vê o fenômeno passa muito longe dos milagres.
E Fernando, pense bem: porque o seu “ser mágico” faria uma coisa dessas , porque conservaria corpos se o que importa é a alma?
E Porque de uns sim e de outros não? Porque o deus judaico cristão (o único certo) conservaria corpos de budistas, muçulmanos e outros ? Para que uma alma que vai passar o resto dos tempos tocando harpa na nuvem precisaria manter na Terra seu corpo incorrupto?

Pois é, como eu sempre digo aqui, é muito mais fácil acreditar do que pensar.
Corpos incorruptos: mais uma fraude cristã sem lógica, sentido ou comprovação.
O de sempre.