segunda-feira, 18 de maio de 2009

Santos e milagres: se você pensar, não acredita.

Esse é um dos meus temas favoritos: os santos e seus milagres, crença humana desde que desenhávamos bisões nas paredes das cavernas. Os gregos clássicos os chamavam de semi-deuses que dividam no Olimpo as tarefas de cuidar do mar, das guerras ou do amor. Zeus não daria mesmo conta de tudo sozinho e sua estratégia de terceirizar deu tão certo que tem seu paralelo hoje em dia na estrutura, por exemplo, do catolicismo. Para ele deus é onipotente, oniciente... mas delega o assunto casamentos a santo Antonio, causas mais complicadas a santo Expedito e o controle do clima a são Pedro.
É mais fácil crer que pensar: o que é um santo? Em geral uma pessoa normal que teve uma vida física real aqui na terra, onde se destacou por seu comportamento especialmente bom. Após sua morte a igreja passa a receber relatos de milagres (graças pedidas e atendidas) e inicia um processo (interno...) que culmina anos depois com a proclamação: Fulano é santo, daqui para frente deverá ser chamado de são Fulano e quem a ele rezar com fervor pode ser agraciado com um milagre. Simples assim. O engraçado é que não vemos no processo qualquer participação divina ou do próprio interessado, a decisão sobre se Fulano é ou não um santo é exclusiva de membros da igreja. Aliás, não A igreja, UMA igreja). Padres, bispos, cardeais, tão terrenos e de carne e osso quanto eu ou você. Bem, seja como for, a partir da tal proclamação são Fulano é santo. Imagino que dali para a frente estará em algum lugar (céu, nuvem, Olimpo?) onde receberá todas as preces e orações (ouve, sente, vê??) a ele encaminhadas e por algum critério (fervor ou talvez necessidade, urgencia...) decidirá quais serão atendidas. E então nosso quase todo poderoso são Fulano atenderá as preces a ele dirigidas curando doentes, promoções no emprego, fazendo a bola entrar ou não naquela final do campeonato e estudantes irem bem na prova. Claro, tudo dependerá de sua especialização pois como vimos há santos exclusivos para determinadas áreas, não atuam fora de seu campo (santo Antonio é o melhor exemplo). Será que há uma central de triagem lá no céu para distribuir os pedidos corretamente? Por exemplo, se o pedido por um casamento for urgente e difícil segue para santo Antonio mesmo ou é encaminhado para santo Expedito, das causas improváveis?)
Agora, sobre o milagre em si, como será que os santos os fazem? Trabalharão sozinhos ou será que, como Papai Noel e os nossos senadores, eles tem à disposição grandes equipes de auxiliares? Quando uma pessoa reza para são Longuinho ajuda-la a encontrar algo perdido, como age o santo? Envia sinais emocionais (?!) para que a pessoa abra a 3ª gaveta e olhe melhor em baixo da caixinha de madeira? Ou vem até onde está a pessoa e sugere baixinho ela que faça isso?

É tudo tão foclórico, fantasioso e improvável quanto imaginar Marte tomando conta das guerras do planeta e Venus cuidando das coisas do amor, mas as pessoas em geral não pensam nisso, não confrontam os dogmas com a lógica e saem acreditando em tudo que passa pela frente, de facas Ginzo a santo segmentado.
Relaxe, deus não existe, nem ele, nem santos. E não há ninguém “lá em cima” tocando harpa na nuvem. Vamos a luta que a vida é curta e estamos sós.