Não se deixe enganar, um conclave nada mais é que uma
reunião do conselho de uma empresa para escolher o novo presidente e sua
diretoria.
Se em uma empresa normal o cerimonial exige apenas uma ampla
sala de reuniões e participantes usando terno, um conclave exige muito mais.
Vestimentas que mais
parecem fantasias de carnaval, chapéus ridículos, templos deslumbrantes e
cerimoniais faustosos fazem parte de um teatro cujo único objetivo é dar a tudo
aquilo um certo ar santificado e glorioso.
Ou “sagrado”, palavrinha vazia e sem significado real mas
tão bem usada pela igreja quando lhe interessa.
Na verdade o que vamos assistir a partir de hoje é uma
guerra de foice no escuro, uma disputa fraticida pelo poder, pelo dinheiro e
pela glória de ser um papa e controlar o poderoso Vaticano.
Há grupos, como há partidos na vida civil, e o recente “Vatileaks”
deixou expostas as entranhas mais podres dessa disputa que coloca de um lado os
responsáveis pela sujeira já praticada e de outro os candidatos a aproveitar
sua vez.
Desvios de dinheiro, obras super faturadas, escândalos sexuais
de todos os tipos (prostituição, homosexualismo, orgias), uso do Banco Vaticano
para lavagem de dinheiro e historias escabrosas de proteção aos pedófilos
escondem-se atrás daquelas construções majestosas com janelas cobertas de
veludos tão pesados quanto os “pecados” ali dentro cometidos.
Deus em pessoa poderia facilmente surgir durante o conclave,
falar ao mundo, inspirar a todos e indicar aos bondosos cardeais seu papa de
preferência, o que poderia trazer paz e harmonia aos homens para sempre.
Mas, como sempre, prefere agir como fazem todos os seres
inexistentes e não dá, como nunca deu, sinal algum de vida.
Nada, absolutamente nada de divino ou sagrado começa hoje em
Roma, o que vamos assistir é uma fantasiosa reunião de homens interessados no
poder e na glória, nada mais.
Ainda não habemus papa...mas já habemus circus.