Grandes desastres são campo fértil para bem pouco elaboradas mas muito emocionadas declarações de amor a deus... A família Orleans e Bragança, por exemplo, chocada com a perda trágica do jovem D. Pedro, trineto da Princesa Isabel, disse mais ou menos o seguinte: a oportunidade que tivemos de ver toda a familia reunida prova como deus é bom.
Com todo o respeito ao momento e à religiosidade da nossa (por mim) querida e respeitada família real: se deus existisse e fosse realmente bom, ao invés de caridosamente permitir que a família se reunisse uma última vez ele teria simplesmente evitado o acidente aéreo com o avião da Air France. Essa discussão costuma cair em coisas do tipo "deus quis" ou "deus escreve certo por linhas tortas", ou seja, o de sempre: não importa o que tenha acontecido, deus está certo. Você rezou e sarou? Graça divina. Rezou, pediu e nada aconteceu? Deus não quis... ou você não mereceu, talvez. Sobre os mais de 200 mortos nesse acidente a explicação da maioria das igrejas é também a de sempre: "estava escrito" ou "chegou a hora deles" e o resignado "estão melhor que nós, estão ao lado de deus". Para mim, também o de sempre: falha mecânica, associada a uma forte tempestade e raios, um acidente. Aviões sobem e descem, chegam e caem, voam e aterrizam e me parece muita ingenuidade imaginar que "alguém lá em cima" fica controlando quem chega e quem cai, além de ficar reunindo nos que vão cair todas as pessoas para quem "chegou a hora". Ah, para depois levar todas as vitimas para o lado de deus, onde ficarão para toda a eternidade. Acredite se quiser, eu não quero.
terça-feira, 9 de junho de 2009
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